Fronteiras viralizadas

L pandemia da COVID 19 atingiu duramente o mundo globalizado em 2020, lançando uma luz severa sobre as disfunções e fraturas das sociedades atuais. Diante da epidemia, a mobilidade humana, no centro da dinâmica migratória em um sistema interconectado, tornou-se o principal alvo: não conseguindo controlar um vírus desconhecido, os vários governos tiveram que controlar seu vetor, ou seja, as viagens. A contenção, o toque de recolher e a atualização das fronteiras são os pilares das medidas adotadas para combater a pandemia.

No atual estado de emergência sanitária, a questão das fronteiras é mais urgente do que nunca. Em primeiro lugar, a atual pandemia está acelerando um processo de fechamento de fronteiras e egoísmo nacional que já havia começado na década anterior. Ela também está contribuindo para a atualização e até mesmo para a invenção de novas fronteiras, dentro de territórios nacionais que são fragmentados por proibições de movimentação de um distrito para outro ou por tratamentos administrativos e/ou de saúde localizados. Essas medidas restritivas marcam o retorno à vanguarda da representação de uma linha de fronteira, cuja atualização deve possibilitar a construção de uma barreira diante da pandemia. Nesse sentido, elas têm um impacto na vida cotidiana das populações fronteiriças, cujos hábitos de mobilidade contribuíram, a longo prazo, para a formação de uma fronteira espessa com sua própria dinâmica local. Por fim, a crise atual está gerando reações contrastantes dentro da própria população, que vão desde pedidos de fechamento da fronteira, aumento de atos discriminatórios e denúncia do perigo representado por aqueles que estão "do outro lado", até a remobilização de estratégias para contornar e apagar uma linha de fronteira percebida como artificial e desconectada das realidades locais. Essa mesa redonda dá continuidade à reflexão iniciada pela equipe do projeto sobre "fronteiras vividas" pelo prisma da noção de fracasso frequentemente associada às regiões de fronteira.

O seminário 'Borders, Circulations, Interculturalities and Human-Milieu Interactions' é organizado por Agnès Clerc-Renaud (LEEISA), Soizic Croguennec (MINEA), Damien Davy (LEEISA), Rosuel Lima Pereira (MINEA), Silvia Macedo (MINEA) e Marianne Palisse (LEEISA) como parte do projeto AMERFRONT (MINEA/UG), coordenado por Soizic Croguennec e Tina Harpin. Destina-se especialmente a alunos de doutorado da UG e a alunos de dois programas de mestrado, o programa de mestrado Civilisations, Cultures and Societies 'Societies and Interculturality' do LSH DFR (programa de mestrado CCS-SI) e o programa de mestrado 'Pratiques et Ingénierie de l'éducation, du Travail et de l'Action Sociale' do INSPÉ (programa de mestrado PIETAS).